Os cálculos renais (pedras nos rins) se formam a partir da supersaturação de cristais na urina. Ou seja, uma concentração acima do normal destes cristais, associada a baixa ingestão de líquidos acaba facilitando que essas substâncias precipitem e se agreguem para formar os cálculos.
Alguns outros fatores podem contribuir e facilitar o aparecimento de cálculos em algumas pessoas, incluindo uma anatomia renal favorável ao acúmulo dos cristais, altas concentrações de cálcio e ácido úrico na urina, residir em locais quentes, infecções urinárias e algumas doenças (Hiperparatireoidismo, Sarcoidose, etc).
Existem cálculos de vários tipos com diferentes substâncias compondo as pedras, sendo o achado mais comum os cálculos de Cálcio (Oxalato de Cálcio – 60% e Fosfato de Cálcio – 20%) responsáveis por 80% dos casos de litíase. Em seguida temos os cálculos de Estruvita – 10% e os de Ácido úrico – 10%.
A litíase renal atinge até 20% da população adulta, sendo mais comum em homens entre a quarta e sexta décadas de vida. Porém, nos últimos anos, as taxas de acometimento na população feminina vêm crescendo substancialmente. Acredita-se que este aumento na incidência nas mulheres se deva às mudanças na dieta e estilo de vida dos últimos anos, onde se consome mais produtos industrializados (ricos em sódio) e ingere-se poucos líquidos.
Na grande maioria das vezes os cálculos renais só são descobertos em momentos de crises de dor aguda ou em exames de imagem ao acaso. O quadro clínico típico de cólica renal se apresenta com uma intensa dor lombar irradiada para a região inferior do abdome ou genitália. Além disso, náuseas e vômitos podem acompanhar o quadro.
Estas dores são ocasionadas quando algum cálculo, que se formou dentro do rim, tenta descer através do ureter (canal que liga o rim até a bexiga) causando uma obstrução e, por consequência, uma dilatação do rim por acúmulo de urina.
O diagnóstico desse quadro é realizado através da história clínica associada a exames de imagem. A Tomografia Computadorizada de abdome sem contraste é o exame de escolha para identificar o cálculo, sua topografia e avaliar se está causando obstrução, dilatações ou outras alterações.
O tipo de tratamento a ser indicado irá depender de uma série de fatores, tanto do cálculo (tamanho, localização, densidade), quanto do paciente (infecção, perda de função renal, dor recorrente, idade, comorbidades).
Hoje em dia tratamos a grande maioria dos casos através de técnicas endoscópicas minimamente invasivas como a Litotripsia Flexível ou Rígida a laser e a Nefrolitotripsia Percutânea.
Ainda não existe um medicamento eficaz para eliminar os cálculos renais, porém podemos ter algumas atitudes que podem prevenir a recorrência deste incômodo na vida de muitos pacientes. A orientação é que se beba muita água (2 a 3 litros por dia), diminuir sal na dieta, evitar carnes vermelhas em excesso, não ingerir suplementos de Vitamina C, evitar alimentos ricos em Oxalato (Espinafre, Couve, frutos do mar).
Além disso, não é necessário reduzir o consumo de Cálcio da dieta, somente se você fizer alguma suplementação deste nutriente deve ser suspensa. Realizar atividades físicas regularmente e manter alimentação rica em frutas e verduras também é essencial.
Mauro Ghedini Costa
Urologista
CRM-RS:41.415 / RQE: 38.106